Arremesso leva para a cena o tema da Exclusão. É construído por movimentos velozes que a princípio não se fundem e pausas que se aproximam de forma ritmada, longa e inesperada. O ser excluído é arremessado à margem sem tempo, lugar ou identidade. Sem medo do encontro, os intérpretes buscam a estranheza e o embate em seus gestos, expondo as imperfeições e fragilidades que habitam o corpo suscetível à velocidade e ao risco. Nesse percurso não há tempo para a realidade.
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O indivíduo contemporâneo é em primeiro lugar um passageiro metropolitano em permanente movimento, cada vez para mais longe, cada vez mais rápido. Na busca às vezes desesperada da identidade, do sentimento de pertencer e de compartilhar com o grupo, o ser excluído se defende, invadido pela desigualdade, podendo assumir a violência em seus atos.
O fenômeno da violência é fonte de pesquisa para a movimentação: depoimentos fictícios que maltratam a realidade, mas não desviam dela, aprofundam-se e criam um repertório de movimentos. Livre de ensinamentos morais ou didáticos, a criação coreográfica entende como todo esse processo rápido e violento chega nos corpos.
“A noção de exclusão é saturada de significados, não-significados e contra-significados. Pode-se fazer quase qualquer coisa com o termo, já que ele significa o ressentimento daqueles que não podem obter aquilo que reivindicam”. (Commissariate General du Plan – Governo francês 1993)
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Ficha Técnica
Concepção – Luciano Bussab e Marina Caron
Direção – Marina Caron
Direção Teatral – Bruno Perillo
Intérpretes – Ciro Godoy, Maristela Estrela, Mel Bamonte e Ramiro Murillo
Iluminação – José Romero e Ciro Godoy
Cenografia – José Romero